segunda-feira, 4 de maio de 2009

Aborto

Eu tendo a ser azul por natureza, a ser distante por escolha, a ser eu mesma, covardia.
Somos tantas coisas ao mesmo tempo, tudo é tanta coisa junto (elétrons, ácidos, sentimentos, memória), que a incoerência é inevitável. Não há em quem acreditar, não há em QUE acreditar, e se não existe tempo mesmo, como anda falando um tal de Borges, somos todos grandes mentirosos. O que se fala hoje se desmente amanhã. As palavras nascem mortas e caem das bocas pretas. É tudo desejo, é tudo faísca e cinza.
A linguagem é um aborto.

E eu queria o anterior ao código, o que existe antes das palavras, o que não se pode manipular. não existe saída. não existe problema. é só linearidade mal projetada. Deus é um arquiteto fracassado.


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