quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Fim de inverno

A primavera preguiçosa adiando sua chegada dava agonia. Agonias de se enterrar seu morto e continuar sentindo soluços sob os pés.
Essa coisa estranha de não se estar de todo, e confundir sonhos, gritos, mentiras e analgésicos.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Coisas que aprendemos vivendo 2.

As piores feridas são as feitas sem querer.

feitas sem querer.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ser



conectar meus cosmos
abrir caminhos
receber e doar.
transitar
corporalizar a consciência
conscientizar o corpo
da beleza
da finitude
do seu poder.
viver de transbordar.
amor e saudações.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

rio

Ela aperta os olhos pra tentar segurar as imagens que vê. Ela sabe que tudo é trânsito e escorre. E ainda não descobriu que a melhor forma de guardar é deixar ir.

De como eu sai do labirinto

Um ano depois de terminar meu relacionamento com o sr.Tiago, numa das "conversas-terapia-comovaiavida" que ainda temos de vez em quando, me deparei com uma pergunta que me pegou de jeito: “Ju, olhar para mim te faz duvidar se você realmente existe?”
Na hora eu dei uma resposta idiota, mas alguma coisa me dizia que ali estava a porta de saída do labirinto, do meu eterno suspiro nostálgico que não consegue superar o fim de nós dois, mesmo sabendo que o amor já era a tempos...”realmente existo?” ... pra onde quer que eu fosse, ela estava lá, essa pergunta tava me massacrando. Tinha chegado o momento de dissecar a ferida, parar de ficar limpando os sangramentos com paninhos de autopiedade, destruir a fantasia, encarar minha consciência de forma objetiva. Não encarar o fim do meu relacionamento era uma questão de amor ou de ego?

I) Eu preciso do outro para perceber as estruturas do meu “eu”.

Nós, humanos, somos o que não somos. A nossa relação de existência é baseada na falta. É assim que a gente costuma fazer com tudo, a linguagem é um bom exemplo para isso -um nariz só é nariz à medida que não é boca. Todas as coisas estabelecem sua existência por comparação com o outro e pela falta do outro. Uma coisa é uma coisa porque não é outra coisa. Acontece que quem comanda essa relação é a nossa própria consciência, que às vezes nos constrói ciladas.

II) Somente o que é percebido existe.

Eu não posso dizer que sou tal coisa. Nem que não sou tal coisa. As coisas só existem se percebidas por uma consciência. O que você pensa que é não é o que você é (ninguém é nada), mas sim o que a sua consciência percebe dela mesma. Portanto dependemos de um “olhar afirmador” para existirmos. Grandes encontros nos fazem nos “descobrir”, caracterizarmo-nos... o olhar do Tiago me afirmava naquilo que eu queria ser. Através dele eu era “Juliana” como queria que ela fosse. Era confortável, não precisava me questionar, não precisava trabalhar meu interior... estava amparada. A isso chamamos amor, uma relação onde um protege o outro de si mesmo, uma aliança secreta contra nossa psiqué. Você me enxerga assim, e por isso eu sou. Quando tudo veio abaixo, o que era eu?

III) Todos os objetos possuem interiores ocultos e outros lados, um passado que já não é e um futuro que ainda vai ser.

Sim, olhar para o Tiago hoje me faz duvidar da minha existência. Isso dói. Ele hoje simboliza a lacuna de ausência do meu ego. O que eu fui e não sou mais...o desconforto da aliança quebrada. A falta. E vai ser pra sempre assim. Eu tive que perceber outra Juliana, questionando o que eu queria ser dalí pra frente. E ainda não me construí por completo, nem acredito que isso vá acontecer alguma hora. Somos eternas mutações. Eu ainda não me formei denovo. Mas se posso falar algo com certeza é que saí do labirinto. E que às vezes, um pouco de reflexão faz bem, ainda mais para pessoas passionais como eu. (eu?)

A Paulo Borsato, Sartre e ao mês de Setembro, meu agradecimento.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Keep Walking

Se nenhuma verdade é ABSOLUT
A gente não se desespera
Depois da terceira dose
ismagá o zóio
virá tudo
tudo vira
uma boa idéia.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Carolina

Minha menina
e mesmo que não rime às vezes nossos versos
mesmo que distoe às vezes nossos berços
mesmo que na vida não tenhamos o mesmo dom.
Há sempre a larga poesia.
A nossa estreita poesia, que reconhecemos antes que as sílabas se formassem.
O samba que corre no teu sangue é o mesmo samba que corre no meu sangue.
E isso nos une e abençoa
Sacramenta a maldição de sermos.
Juliana e Carolina.

Da decisão de não pensar no fim.

Aquele que é senhor de si.
Experimenta as delícias.
De estar mergulhado.
Num oceano de ambrósia.

Antes que os rostos virem restos,
Mer
gu
lhe.
Qual o prazo do prazer?