sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
cena russa
A vida é um longo e constante ato de abrir bonecas russas. Achamos suas fendas e as abrimos, cheios de esperança de alguma novidade - pois bem se sabe que o homo sapiens precisa se alimentar de um leite novo a cada dia para sobreviver - e tudo que encontramos é mais do mesmo. Só que menor. Cada detalhe da vida repete-se em si mesmo e dentro desses detalhes pequenos detalhes idênticos esperam para nascer. É por isso que a uma certa altura da vida tudo parece pequeno e repetitivo. E é aí, quando abrimos a boneca nossa de cada dia distraídos com o café que está fervendo no fogão ou com o shampoo que está acabando e sempre esquecemos de comprar outro no mercado e isso nos irrita profundamente é que nos surpreende um grande dragão que sai da pequena boneca e nos devora a cabeça e nos mata na sala do apartamento numa quarta-feira de Abril.
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