Como a vida é contraditória. Hoje cedo passei pela esquina rapidamente de carro e condenei os pobres homens que às seis da manhã já bebiam doses de cachaça, ignorando a fragilidade matinal dos ossos e das cordas vocais.
Cheguei no trabalho e ouvi um poema do velho Paulo Autran incorporando o mais velho ainda Álvaro de Campos. “grandes são os desertos e tudo é deserto.”
Ah, fragilidade matinal da alma.... essa não deveria ser ignorada.
Não há respeito próprio quando se abre a vida para Pessoa.
E eu começo a pensar que
Certas doses só deveriam ser servidas após o meio dia.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
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7 comentários:
Que alegria a minha poder presenciar as duas coisas separadamente, e agora vê-las relacionadas....com mta sensibilidade. Adorei o texto, e a relação. foda.
Coincidência. Nome e lugar onde mora :-)
Belos textos.
Simplicidade pura. Como é difícil escrever com simplicidade.
Parabéns.
Muito obrigada. Fico lisonjeada.
Beijos
a fragilidade da alma é igual a qualquer momento. o que muda é o dia, o olhar, o como pensar nessa alma.
Juuuuu outro dia me embriaguei de outra dose em plena madrugada, nascer do sol as 6 da manha, no parque vazio, com a grama orvalhada e a princesa correndo de muita felicidade! ÊÊ ressaca boa!
Queria eu as vezes beber as 6 onde a noite acaba e volta o dia. Com o dia voltam os sorrisos moles e as verdades duras. A noite conforta esconde descansa. Queria mesmo beber as 6 as vezes...ainda que ridiculamente visto pelas janelas dos carros...
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
A vida pra Pessoa é tão escancaradamente aberta não?
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