terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um fragmento de existência capaz de vida própria. Aquele momento sentados no bar, esperando a velha cerveja, musa de todos os encontros.
Mesmo com tanto tempo de ausência poupavam-se de superficialildades, havia um escorregador que os levava direto ao terreno mais gostoso de suas almas, a polpa da fruta macia que gostavam de comer a dentadas. Um lugar secreto onde duas energias solares podiam se consumir sem perder tempo com coisas pequenas. Sempre foi assim, mesmo e apesar e enfim... Nunca faltou assunto - Como ele é bonito, se existe uma coisa que a Natureza fez direito foi o queixo desse cara, um exemplo apolíneo de perfeição.
Ficava vasculhando aquela imagem à sua frente, procurando novidades: alguma nova cicatriz, um fio de cabelo branco, uma marca de expressão não feita para ela. Intacto. Porque tudo nele era tão sólido?
As mãos já não pareciam exatas uma a outra, não precisavam mais de mãos para tocar-se. Ah se tivessem ouvido o velho Bandeira, os corpos se entendem, as almas não, não haveria tanta nudez derramada sobre a mesa. Depois de tanto, tudo ali não passava de um sonho onde se perdem dentes em copos de soda e saem voando pelas janelas.

Cada começo dança o seu fim.

E por mais longe que esteja, sempre vai existir alguém em Ítaca esperando você voltar. Maktub.

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