Eu queria ser duas. Assim, uma de cada jeito. Pra pintar o cabelo de vermelho e deixar o outro castanho, pra deixar as unhas compridas e brincar de femme fatale e roe-las até não dar mais. Não, na verdade eu queria pra andar cheia de imperfeições sem ligar a mínima, e sair como uma diva de clássicos do cinema. Queria usar chinelo e salto alto, queria usar batom vermelho e manteiga de cacau, queria andar de carro-preto-vidro-preto e de ônibus todo dia. Queria me torrar no sol e passar pó para parecer mais branca.
Queria me embebedar e tomar champagne com toda a classe, viver pelos dias em frente ao mar e morrer de frio diante do fondue. Ser uma coroa elegante e uma vovó toda tatuada. Ser dançarina e publicitária, aprender espanhol e francês, idolatrar sevilla e paris. Ir em um show de blues e um de rock, saber contar piada e não conseguir dar gargalhada. Me entupir de chocolate e aderir à dieta. Gostar de novela e odiar clichês, amar o moderno e morrer de paixão pelo antigo. Queria ler contos eróticos e poesias de Drummond.
quarta-feira, 17 de março de 2010
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